O Expresso noticiou que a Sociedade de Língua Portuguesa vendeu o seu acervo bibliográfico, cerca de trinta mil títulos, a um livreiro de Lisboa, a justificação, segundo o seu vice-presidente, prende-se com a situação financeira da instituição, com dívidas à Segurança Social e com vencimentos em atraso. Ler aqui.
A cultura está a pagar uma factura muito alta pela actual situação do país. Fala-se, com frequência e com razão, no cinema, no teatro, nas artes plásticas, mas, por vezes, esquece-se a situação do livro em Portugal. As editoras, umas fecham, outras reabrem, umas prosperam sem que se saiba, pois não é conveniente que se saiba, e outras decaem, lançam-se no abismo da insolvência. No entanto, nesta realidade efémera e esquecida, existem elementos que nunca são lembrados: os livros e os trabalhadores. Quando uma editora ou instituição ligado ao livro se afunda, temos de nos perguntar quem é que sai a perder. A resposta é sempre a mesma: o livros e o seus leitores e os funcionários que nela trabalhavam.
Os livros, outrora editados, caem no esquecimento, perdem-se num alfarrabista ou na estante de uma biblioteca, longe dos leitores. E os trabalhadores, esses juntam-se ao número daqueles que estão num limbo entre o trabalho e o desemprego. Saem de casa, entram ao serviço, cumprem as horas de serviços, esforçam-se por serem profissionais, mas, no final do mês, não recebem. O incumprimento do dever da retribuição é um flagelo tão grande como o desemprego, visto que a incerteza domina em ambas as realidades.
A cultura está a ficar atrasada, distante de um mundo que precisa de si e de um tempo exige a sua presença.
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