Uma estante de livros conserva sempre um estado de descoberta. Seja numa livraria, numa biblioteca ou numa casa particular, a estante de livros representa uma dinâmica de possibilidade. É uma proposta de eleição, onde os candidatos à leitura se apresentam e revelam a sua intenção. A escolha de um ou mais livros oscila entre o acaso e a necessidade. O livro chama-nos, escolhe-nos, foge da sua morte para viver em nós. Somos o produto dessa escolha, o realizar da interacção entre o livro e o leitor. Qual é a razão de escolhermos aquele livro e não outro? Foi o título? O resumo? O excerto? O Autor? A capa? A encadernação? Uma referência de terceiros? Uma disposição da personalidade? Qual foi a motivação? Existira um bibliotecário, num plano superior, que nos atribui uma leitura em consonância com a necessidade do momento? Existira um plano de leitura com uma função de didáctica existencial? Ou será tudo aleatório?
A leitura é electiva, porém, o que nos escapa é o sentido dessa eleição. O tempo limita a leitura, mas não anula a possibilidade. Aquele livro que nos marcou chegou-nos, por vezes, de forma inesperada e esse cunho de sentido trilha um caminho entre a possibilidade e a necessidade.
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