A cultura tornou-se uma arma de propaganda, pessoal e colectiva. Deixou de ser importante cultivá-la, possuí-la, o que importante é parecer ter uma imagem culta, mostrar interesse, preocupação. Os governos reservam à cultura uma parte miserável do seu orçamento, mas dizem sempre que lamentam não poder fazer mais. Não é possível. As contas públicas. A dívida. Outras necessidades. Existe sempre um razão. E, assim, perdemos o progresso, somos impedidos de evoluir. Ficamos com uma educação sem cultura, com uma classe política inculta e com uma sociedade alienada face ao valor da sabedoria.
Os únicos que podiam contrariar essa tendência estão no limiar de um processo deliberado de extinção. A elite cultural, os criadores, os artistas, os pensadores são forçados a atravessar o percurso que leva ao exílio, simplesmente, porque são incómodos. O seu ethos contraria um modo de viver em que tudo está pré-estabelecido. Não convém que existam pessoas que coloquem em causa as convenções, as normas, as aparências e os vícios. Não seria conveniente que estas pessoas desmascarassem a ignorância dos falsos arautos. Essas vozes simoníacas que rompem o juízo de um povo desinteressado.
Vivemos, actualmente, num novo regime totalitário, um à escala mundial, e, neste regime, o grande ditador é a Ignorância.
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