quinta-feira, 25 de abril de 2019

Abril (Poesia)


Abril

Renovado ou perdido
O nosso Abril distante
Segues sem passado
Mas sulcado entre nós
Essa sombria herança
Do homem providencial
Ignoras o gesto delicado
Da nossa gentil senhora
Que sempre só e negada
Designa-se Democracia
Liberdade e igualdade
Renovado ou perdido
O nosso Abril distante
Só é teu se for revolução

25 de Abril de 2019
RMdF

segunda-feira, 22 de abril de 2019

Morrente o Tempo (Poesia)

Vouet, Simon, Saturn, Conquered by Amor, 
Venus and Hope, 1645-46. Burges: Musée du Berry.

Morrente o Tempo


Moribundo clama o tempo
Esse agora sempre perdido
O oportuno momento seu
Que não é nem o passado
Funesto saudoso e iludido
Nem do futuro a sombra
Estendida fiel e prometida
Severa saturnina é a lição
Do tempo fiado ora tecido
Ora cortado das sapientes
Rubras deusas de outrora
Moribundo clama o Tempo
Divino eterno mas morrente


21 de Março de 2019
RMdF

terça-feira, 9 de abril de 2019

Esse elástico em pés de menina (Poesia)

Gauguin, Paul, Breton Girls Dancing, 1888, Washington: National Gallery of Art.


Esse elástico em pés de menina

Se escapares da rotina
Da autocarro atrasado
Do dinheiro que não estica
Das pessoas malignas
Que sem autorização 
Te invadem a vida
E pensares em Deus e no Tempo
Não com o cálculo do físico
Nem com a razão do filósofo 
Mas com o espírito livre de um poeta
Compreenderás não como metáfora
Mas como realidade vibrante
Visão primordial da totalidade 
Que Deus e o Tempo
São três meninas a jogar ao elástico
Qual feminina trindade
Deusa tríplice e fiandeira
Nesse jogo de criança
Ouvirás as meninas a cantar
Batendo as palmas
Dando som ao universo
E as três trauteando dirão
Salta pisa e cruza
Pisa cruza e salta
E a gravidade o espaço e o tempo
Comprimindo-se e estendendo-se
Tornar-se-ão a unidade
De uma relativa verdade
E tu do quotidiano liberto humano
Observarás o elástico sob os pés da menina
Aquela que dança entre as irmãs
E então o tempo 
Esse elástico em pés de criança
Saltado será a oportunidade 
Pisado o momento 
E cruzado e estendido 
Toda uma vida
Agora longe da rotina 
Da autocarro atrasado
Do dinheiro que não estica
Das pessoas malignas
Que sem autorização 
Te invadem a vida
Quando procurares 
A divina imagem
Não vejas pois o velho barbudo 
Vê antes três meninas a brincar
Três mulheres que voltam a jogar


25 de Março de 2019
RMdF

segunda-feira, 8 de abril de 2019

quarta-feira, 3 de abril de 2019