terça-feira, 3 de maio de 2016

Por Amor de Deus, Citem, mas Citem Bem

Berruguete, Pedro, Platão, c.1477. Paris: Museu do Louvre.


  A citação em si não tem nada de mal. É até recomendada, pois revela a capacidade de nos relacionarmos intelectualmente. Quando cito  Dante, por exemplo, assimilo o texto, torno-o meu, sem o ser, mas não deixo de ser honesto e faço a devida ressalva e referência. As aspas sem referência não servem a citação, nem o autor sem a obra específica. A citação é uma responsabilidade intelectual, caso contrário é plágio. Vasculhar a Internet e fazer nosso o que é do outro é uma forma de pulhice textual, mesmo se o autor estiver em Vladivostok ou na Patagónia. 
  
  Atribui-se ao texto um carácter mais despersonalizado, como se fosse a hetaira da arte, que qualquer um pode agarrar e levar consigo. Se, por exemplo, um certo Manel das Couves (nome fictício) chegasse ao Louvre, roubasse a Mona Lisa, depois a levasse para o anexo da sua casa em Portugal e nela gravasse as iniciais MC e, por baixo, aka Manel das Couves, todos diriam que o homem estoirou com a panela de pressão. No entanto, se alguém, entre comes e bebes, enquanto vêem entusiasmados um jogo de futebol, ler, como se dizesse algo seu, um excerto de um poema de Herberto Helder ou de um texto de Assis Pacheco, muitos acreditariam nas proezas, bem regadas, da criatividade humana. Ou ainda alguém que, sentado na sua cadeira de rodinhas, com o teclado nas mãos, solta postas de pescada aforísticas, que afinal pertencem a outro ou que provêem de uma tômbola de citações digitais, mas que não deixa de receber muitas carinhas sorridentes pela sua sabedoria.

  A citação sem a designação bibliográfica pode ter duas origens: a ignorância explícita, que não deixa de ser reprovada, pois até na escolinha se aprende que não se devem apresentar trabalhos que se copiam de livros ou de textos da Internet; e a soberba do ego, aquela que pensa que é tudo seu e que não deve nada a ninguém, pois a sua magnificência permite-se a não necessitar do conhecimento dos outros. E há também a preguiça, mas essa é uma forma de ignorância.

  Ficam então algumas hipóteses de como citar - com texto entre aspas ou a itálico:

1 - Hipóteses Simples:

AUTOR, OBRA.
AUTOR, OBRA, PÁGINA.

2 - Hipóteses Completas:

AUTOR, OBRA, PÁGINA. LOCAL: EDITORA, ANO.
AUTOR, OBRA, TRADUÇÃO, PÁGINA. LOCAL: EDITORA, EDIÇÃO, ANO.
AUTOR (ANO), OBRA, EDIÇÃO, TRADUÇÃO, LOCAL, EDITORA, PÁGINA.

E nos textos online basta transcrever o link, como por exemplo:
http://orestopermanecehumano.blogspot.pt/2016/05/por-amor-de-deus-citem-mas-citem-bem.html

  É simples e não dói.

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